A pandemia de COVID-19 que assolou todo o mundo entre 2020 e 2022 foi absolutamente devastadora para vários setores da atividade económica global e nacional. Uma das indústrias que mais se transformou e que sofreu o maior impacto com as medidas de combate à programação do vírus foi a dos casinos, que viu parte do seu negócio sofrer um verdadeiro colapso e uma outra a registar um pico de crescimento nunca antes visto.
Casinos físicos e casinos online: impactos totalmente diferentes
Os sucessivos confinamentos e fechos compulsivos das salas de jogo, a que se seguiam períodos de retoma com pesadas restrições na lotação dos casinos e nos protocolos de saúde implementados, bem como os naturais receios de contágio dos próprios jogadores, trouxeram três anos de elevados prejuízos aos casinos.
No geral, os casinos queixaram-se de quebras de receita muitas vezes a ultrapassar os 50% em comparação com o último ano sem registo dos efeitos da pandemia, precisamente 2019. Uma verdadeira catástrofe.
Em sentido inverso, os casinos online viram as suas receitas aumentar perto dos 60% logo no ano de 2020. O fecho dos casinos territoriais surgiu como uma grande oportunidade para os casinos que operavam digitalmente captarem os jogadores que estavam, então, impedidos de apostar presencialmente. Não por acaso, nesse ano e nos anos subsequentes foram lançados dezenas de novos casinos, como demonstram páginas e portais especializados no setor, como o legalcasino.pt/casinos-novos/.
Os grupos empresariais que exploram casinos territoriais em Portugal, mas que também exploravam na altura casinos online, conseguiram aproveitar esta oportunidade para canalizar os seus clientes para o jogo digital. Desta forma, conseguiram, de certo modo, minorar as acentuadas perdas e equilibrar as suas finanças que, naturalmente, e dadas as circunstâncias, se encontravam bastante depauperadas.
Sobrevivência: crescimento e apoios do estado
O impacto no setor foi verdadeiramente devastador, mesmo com esse alívio financeiro que, ainda assim, não conseguiu aplacar todos os prejuízos. Até porque nem todas as entidades exploradoras detinham sites de jogo. Para a necessária sobrevivência dos casinos territoriais portugueses foram essenciais dois grandes elementos: uma retoma superior às expetativas a partir de 2022 e, fundamentalmente, os apoios do estado português.
Neste âmbito, uma das medidas que mais apoiou os casinos territoriais portugueses foi o prolongamento, por dois anos, das concessões dos casinos, e da isenção do pagamento de contribuições devidas ao estado no decorrer dos anos de 2020 e 2021. Estes apoios estatais foram absolutamente vitais para a sobrevivência dos casinos e a principal razão para continuarem a operar hoje em dia.
Estarão os casinos prontos para outra pandemia?
Será sempre um exercício não só interessante como útil pensar na viabilidade dos casinos territoriais no caso de outra pandemia. A verdade é que passados dois anos de total recuperação e quase cinco desde o início desde tumultuoso e longo processo, os casinos ainda não atingiram os valores que registaram em 2019.
Apesar da forte e rápida recuperação, dados do ano de 2023 apontavam para um desempenho de 14,5% abaixo do período pré-pandémico. O conjunto dos 12 casinos continua, assim, sem ter recuperado completamente mesmo depois de passado tanto tempo. Ainda se aguardam, claro, os dados referentes a 2024, mas a tendência é clara: apesar da forte recuperação inicial, o ritmo de retoma abrandou.
Mais ainda, a transição de jogadores dos casinos reais para os casinos online, que poderia parecer temporária, tornou-se uma tendência definitiva. A pandemia foi o catalisador e acelerador de um fenómeno de migração para o digital inevitável e não apenas uma forma espontânea de contornar uma proibição momentânea. Os sites de jogo parecem, de facto e definitivamente, ter conquistado uma importante fatia dos jogadores aos casinos territoriais.
Dado todo este contexto desfavorável, parece ser relativamente pacífico afirmar que a sobrevivência dos casinos físicos a um segundo golpe pandémico seria bastante difícil e improvável. Pelo menos, sem mais uns anos de intervalo para consolidarem a sua recuperação financeira ou sem novas medidas de apoio do estado.
Uma eventual solução para reverter estas dificuldades será a dinamização e modernização dos espaços de jogo, fundamentalmente em conjunto e coordenação com a atividade turística, e a diversificação das suas fontes de receitas. Sobretudo através do investimento nas respetivas plataformas de jogo online, que, como vimos, conseguem escapar totalmente ilesas aos fenómenos pandémicos. Uma solução integrada, portanto, será a melhor forma de se preparem para uma segunda pandemia, que todos esperamos, não há de chegar tão cedo.