João Charters de Almeida, o artista que criou o desenho dos painéis de azulejos da Fundação Cupertino de Miranda esteve em Famalicão, esta quinta-feira, para acompanhar de perto o trabalho de recuperação dos azulejos.
O artista confessa que sentiu uma enorme emoção ao saber que os painéis iriam ser restaurados e não demolidos para dar lugar a outro trabalho artístico. «É sublime, é uma emoção que não tem limites. Podiam ter demolido ou ter posto um jovem com um pensamento diferente e um trajeto de vida diferente a fazer o que fiz em 1968. Ficaria triste, mas compreendida, porque estamos metidos num turbilhão em que tudo é efémero», confessa o artista.
Depois de ver a forma como está a ser feito o restauro, Charters de Almeida admite que «o processo de restauro é de uma qualidade e uma ciência absolutamente superlativa». Para o artista, «este um presente que tenho que não tem explicação».
Os painéis de azulejos da Fundação Cupertino de Miranda têm 53 anos. Foram uma encomenda de Arthur Cupertino de Miranda ao artista João Charters de Almeida que na altura não tinha experiência neste tipo de painéis. «Não tinha feito trabalhos similares a este. As noites que não dormi depois da encomenda. Não tinha experiência, não tinha tarimba, não tinha tido tempo», descreve o artista sobre o pedido da encomenda.
Passados 53 anos, os painéis voltam a ser intervencionados, com o envolvimento do autor, e com a participação financeira da sociedade famalicense através da campanha “Azulejos com Memória”. Cada famalicense pode contribuir financeiramente, e desta forma deixa o seu nome escrito nos azulejos.
«Tudo o que não for mantido desaparece. A própria Fundação Cupertino de Miranda se não tiver elementos geradores de pesquisa e de novas perspetivas do existente não tem razão de existir, porque o homem de hoje não é igual ao homem de ontem», afirma, num elogio ao trabalho da Fundação Cupertino de Miranda.