
O projeto “Sons do Bairro”, promovido pelo município de VN Famalicão, já existe há cerca de um ano, tempo que o levou a reunir 20 jovens e adultos do concelho famalicense. Está a crescer nas urbanizações municipais, mas é aberto a todos.
Um dos objetivos é que através da música, os cidadãos, e não apenas os jovens, possam interagir com outros, partilhar conhecimentos e produzir músicas. Agora também com estúdios de gravação no Bairro da Cal, além dos estúdios da Casa da Juventude.
O presidente da Câmara Municipal, Mário Passos, explica que o “Sons do Bairro” foi pensado para reduzir desigualdades, promover a integração e a inclusão, fortalecer laços comunitários e promover o respeito pela diversidade cultural. «É com projetos como este que conseguimos alcançar um mundo socialmente mais coeso, mais justo, inclusivo e integrado», acrescenta o autarca.
Pelos estúdios de música do “Sons do Bairro” já passaram crianças, jovens e adultos. São orientados por Franklin Monteiro, também conhecido por Francão, e por João Costa. São eles quem orienta e ajuda quem chega para produzir música e partilhar conhecimento.
João, 25 anos, natural da freguesia de Ruivães, é autor da peça que se faz ouvir nas colunas do estúdio. «Na música, quanto mais partilharmos uns com os outros, melhor, porque ninguém faz boa música sozinho», afirma. Aqui, todos têm estilos muito diferentes – o que inspira e motiva João. «Ao misturarmo-nos, ganhamos sempre um bocadinho», acrescenta.
Francão, de 45 anos, é músico. Ensinar aos outros o poder da música é algo que conhece bem. Já há 12 anos que trabalha junto das urbanizações municipais e que ajuda os demais a contactarem com diferentes estilos musicais. «Fui trabalhando a percussão na urbanização da Cal e desenvolvemos um grupo», explicou. Com o avançar dos tempos, o grupo foi mudando, alguns saíram, e o músico decidiu explorar a gravação e a produção de composições com os que ficaram.
Foi a partir deste trabalho junto das urbanizações que a Câmara Municipal decidiu lançar o projeto “Sons do Bairro”.
Lucas, de 18 anos, além de gravar as suas composições, está a iniciar a sua formação artística no projeto. Já escrevia, fazia rimas, mas só agora é que está a consolidar aprendizagens. «Aqui, há muitas pessoas, de culturas diferentes, com experiência e eu posso só ir recolhendo ideias que demorariam anos e anos a serem conseguidas por outros artistas», admite. Também com “Sons do Bairro” Lucas desenvolve outras competências: «ser músico envolve muita responsabilidade, muito foco. Ser músico implica termos de nos conhecer. E se eu desenvolver o meu caráter musical com o que vou aprendendo, conseguirei ser um artista de sucesso», expressa.
Atualmente, o projeto já reúne “mais gente de fora” do que dos Bairros. «Estamos a desmitificar a ideia de que o bairro só tem aspetos negativos», conclui João Costa.