Dia 21 de setembro, mais uma Manhã CROA no Centro de Recolha Animal de Famalicão. Como acontece no primeiro sábado de cada mês, é dia de visitas e de adoção.
Os animais sentem a azáfama desta manhã. Especialmente os cães. Como veem pessoas estranhas, ladram imenso. É uma algazarra. Reclamam atenção e carinho.
Estão nas boxes, que são novas, laváveis e dão acesso ao ar livre, para que possam apanhar sol. Alguns estão sozinhos, mas a maioria partilha a “casa” com outros amiguinhos. Espreitam também para a parte de fora, onde os voluntários passeiam alguns amigos de quatro patas. Saltam e ladram na esperança de poderem dar uma corrida.
Os voluntários são essenciais no CROA. Na maioria são jovens que dão algum do seu tempo para passear animais, penteá-los, dar-lhes carinho e fazem também algumas limpezas, especialmente nas casotas dos gatos.
Os gatos, de diferentes cores e idades, estão à parte dos cães. À passagem dos adultos, os mais pequenos miam e trepam a rede; mas alguns adultos mostram alguma indiferença. No exterior há um espaço que é uma espécie de jardim dos gatos. Eles têm como trepar e lugares para dormir e receber o sol.
Entre gatos e cães, estão no CROA 160 animais. A estes somam-se mais 120 cães nas antigas instalações do canil; são os mais velhos e mais difíceis para adoção.
Neste sábado, foram adotados mais gatos do que cães, uma tendência dos últimos tempos, segundo a veterinária responsável, Fidélia Aboim. Algo relacionado com o estilo de vida dos humanos. Os gatos são mais autónomos e higiénicos e adaptam-se melhor aos apartamentos. Sejam gatos ou cães, a preferência é pelos mais novos.
Tivemos uma cadela que morreu em janeiro e em vez de comprar quisemos adotar.
Maria Moreira levou um gato. Ela é bombeira e escolheu um gato que já conhecia porque foi resgatado pelos bombeiros. Depois de um primeiro resgate, Maria oferece-lhe um segundo resgate e a oportunidade de ter uma vida melhor.
Cacau é uma cadela ainda bebé que foi adotada por Margarida Costa. Foi amor à primeira vista e já saiu do CROA “batizada”. «Tivemos uma cadela que morreu em janeiro e em vez de comprar quisemos adotar. As instalações são boas e eles são bem tratados, mas é triste vê-los ali. Dá um aperto no peito», desabafa.
Lorena Napoleão leva um cão irmão da Cacau. «Podemos comprar, mas ao adotar estamos a ajudar a criança (filho) e o animal. É uma junção de amor», realça. O cão está enlaçado nos braços da criança, numa cumplicidade que parece prometer muita brincadeira juntos.
Outros cães vão esperar por uma nova oportunidade. Alguns aguardam há anos. De janeiro a agosto deste ano entraram no CROA 673 animais; 500 foram adotados. Um défice que faz o CROA ir ficando mais lotado a cada dia. «Notamos que há pessoas que vão para uma casa nova e o animal é como um móvel antigo: é descartado. Noutros casos, são os senhorios que não querem. Depois há os animais abandonados na rua, que continuam a ser muitos», refere Fidélia Aboim.
Muitos gatos já vivem na rua, com acompanhamento do CROA. Vivem em colónias, que são mais de uma dezena pelo concelho, com direito a abrigo e alimentação. As fêmeas também são, sempre que possível, esterilizadas.
A importância da esterilização
Fidélia Aboim apela a que as fêmeas sejam esterilizadas para evitar ninhadas. Há casos de cadelas que ficam prenhas e os seus tutores vêm trazê-las ao CROA. Nos gatos é idêntico porque procriam muito.
Todos os animais que saem do CROA estão esterilizados; no caso de serem jovens, os seus tutores levam cheque veterinário para que depois possam fazer a esterilização em clínicas com quem a Câmara tem protocolo.
As famílias que têm dificuldades económicas e têm animais a seu encargo também podem candidatar-se ao cheque veterinário para que os animais possam ser esterilizados.