O PCP apresentou, em Famalicão, a reedição do livro “O caso dos 17 da Têxtil Manuel Gonçalves”, publicado pela Editora Página a Página com a colaboração do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes.
Inserida nesta apresentação, foi organizada uma mesa redonda composta por Carlos Carvalhas, Secretário de Estado do I, II, III, IV e V Governos Provisórios e autor do prefácio, Manuela Vasconcelos, ex-trabalhadora da TMG, Francisco Vieira, coordenador do Sindicato Têxtil do Minho e Trás os Montes, e Sílvio Sousa, da DOR Braga do PCP.
Uma iniciativa no âmbito da 2ª Edição do Roteiro do Livro Insubmisso, promovido pela Direção da Organização Regional de Braga do PCP, e inserida nas comemorações do 25 de Abril.
«É uma importante contribuição para a verdade histórica e é também uma justa homenagem à luta dos dezassete trabalhadores da TMG que foram visados com ataques do patronato e das forças reacionárias. É uma homenagem também a todas os trabalhadores do sector têxtil do Vale do Ave e às suas organizações representativas», refere o PCP.
A ex-trabalhadora da TMG e uma do grupo dos “17” destacados no livro agora reeditado, Manuela Vasconcelos, lembrou que a TMG era a maior empresa têxtil do país e uma das maiores exportadoras nacionais, e «mantinha condições de trabalho deploráveis para os seus mais de 3500 trabalhadores à época. Estas condições de trabalho conviviam com os luxos que o patrão fazia questão de manter à custa da exploração dos trabalhadores e de dinheiro desviado. Luxos que incluíam casas, barcos e aviões».
Partindo para a realidade atual, referiu que os trabalhadores em Portugal continuam a ser explorados, e «que nada se conquista sem muita luta! Que urge pensar e agir em coletivo».
Segundo Carlos Carvalhas, «a intervenção do Estado na empresa não foi uma opção ideológica, mas uma opção económica para salvar a empresa perante uma grosseira sabotagem do patronato, que estava descaradamente a descapitalizar a empresa, fundamentando com dados concretos». O autor do prefácio destacou o rigor das informações que constam do livro, desde «as situações “kafkianas” vividas pelos trabalhadores até às ligações demonstradas entre o patrão e as forças terroristas de extrema-direita».
Sílvio Sousa, a quem coube moderar a apresentação, referiu que o Roteiro do Livro Insubmisso, que tem vindo a percorrer o distrito de Braga com a divulgação de livros comprometidos com os valores de Abril, é «mais do que uma divulgação literária; trata-se de um espaço de reflexão crítica que desafia as narrativas dominantes e promove ideias que visam transformar a sociedade».
Francisco Vieira disse que é preciso valorizar as conquistas de Abril porque a vida durante o fascismo foi dura, «que importa não deixar esquecer». Alertou para o facto de os objetivos de Abril não terem ainda sido integralmente alcançados, dando o «exemplo dos baixos salários praticados no sector têxtil e o subsídio de refeição de apenas 2,4€ praticados por muitas empresas atualmente».