A concelhia do Partido Socialista acusa o município de Famalicão de ter «desperdiçado» cerca de 10 milhões de euros de água da rede pública nos últimos cinco anos. Garante que só em 2022 foram “perdidos” cerca de 2,378 milhões de euros. O PS chegou a estes dados com base num relatório da RASARP 2023. Em resposta, o município diz que é «falso dizer que em Vila Nova de Famalicão o desperdício de água se situou, em 2022, nos 47.3% ou que a Câmara Municipal tenha desperdiçado 10 milhões de euros em água».
O desperdício de que o PS fala está relacionado com perdas da rede pública de água. Comparando com concelhos vizinhos, o PS realça que Famalicão tem uma quota de perdas de 47,3%, Santo Tirso/Trofa 8,8%, Vila do Conde 9,3%, Barcelos 11,4%, Braga 17,9%. «Famalicão está entre os 25 piores concelhos de Portugal», realça o PS.
Em face disso, os socialistas sugerem que o município «tenha como prioridade uma intervenção urgente para a diminuição de perdas de água, fazendo um levantamento criterioso, intervindo de imediato nas zonas mais críticas de perdas de água», escreve, em comunicado enviado à imprensa.
No comunicado, o PS interroga «como é possível um presidente de Câmara tentar transparecer um bom exemplo com mensagens bonitas de sensibilização, quando na verdade não tem competência para resolver o problema de perdas de água. Estamos a falar de quase 50% da água que não é faturada, porque é perdida».
Além do referido desperdício, os socialistas criticam, também o preço da água faturada aos consumidores da rede pública. «Os famalicenses merecem pagar menos de tarifa de água, o Partido Socialista sugere e propõe, mas a velha coligação PSD/CDS chumba». No entender do partido liderado por Eduardo Oliveira, o combate ao desperdício de água é uma boa forma de diminuir a despesa do município.
Município é uma «referência nacional no que diz respeito ao combate às perdas de água»
Hélder Pereira, vereador do Ambiente, lembra que nem toda a água não faturada é dada como perdida, porque muita diz respeito «a consumos próprios do Município, nas escolas, complexos desportivos, piscinas municipais, entre outros». Ainda nas explicações, o autarca com a pasta do Ambiente garante ser falso que Famalicão esteja no limiar dos 25 piores do concelho. «Analisando o RASARP 2023, é possível verificar que há 66 entidades gestoras em baixa que se encontram com índices piores que os do Município de Vila Nova Famalicão», atira o vereador Hélder Pereira.
O responsável pelo pelouro do Ambiente diz que o município tem vindo a desenvolver esforços no sentido de melhorar a rede e que, neste sentido, o ano de 2023 foi melhor do que o de 2022, a ponto de «ser uma referência a nível nacional no que diz respeito ao combate às perdas de água».
Sobre os preços praticados, esclarece que a autarquia atualizou, de acordo com a inflação, a tarifa para o 3.º e 4.º escalões, patamares onde se encontram os grandes consumidores de água. «Todas as famílias que façam um consumo de água normal fixam-se dentro do 1.º e 2.º escalões, logo, não sofreram qualquer aumento tarifário», esclarece o vereador, relembrando ainda que ao não refletir nos munícipes os aumentos impostos pelas Águas do Norte nos últimos anos, a autarquia abdica de cobrar cerca de 10 milhões de euros.
Hélder Pereira realça que o Município de Famalicão tem das tarifas de água mais baixas da região, nomeadamente quando comparado com Trofa, Santo Tirso, Barcelos ou Vila do Conde. «Para além disso, Famalicão é a entidade gestora que menos cobra aos munícipes para aceder aos serviços, como por exemplo, com a instalação de contadores», acrescenta.