As coisas grandes não se compreendem, vivem-se!
Podemos gastar todo o tempo em muitos estudos catedráticos sobre a Semana Santa: o seu carácter original e histórico, a sua influência na sociedade, os fluxos turísticos que cria… E, no entanto, a Semana Santa não se explica nem se compreende: vive-se!
A Semana Santa é a Semana Maior, não por ter mais dias ou mais celebrações, distintas do habitual, mas por traduzir algo maior, grande, enorme, que a nossa inteligência, natural ou artificial, não consegue abarcar na sua totalidade.
O amor é invisível, como o vento… mas ao passar por nós, produz os seus efeitos! A Semana Santa fala-nos de um amor maior. Um amor que toca a carne, que se entranha no nosso íntimo, como que nos “queima” por dentro. Diriam os discípulos de Emaús: «Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho?” (cf. Lc 23, 13-35).
Podemos, então, afirmar que tudo o que se celebra na Semana Santa é algo maior, é uma peregrinação interior de Esperança que nos faz arder o coração; é uma experiência de encontro com o Deus que não é outro senão o Deus Amor.
A Páscoa é acontecimento muito mais que evento. Não é um somatório de atos e circunstâncias ou episódios programados. A Páscoa é movimento, é peregrinação, é luz, é vida, é amor, é gravidez… Deus não veio ao mundo se não para nos oferecer esse caminho, essa vida, essa luz, esse amor… Em Cristo ressuscitado passamos da cruz à luz da vida. Aqui encontramos a nossa Esperança.

A Semana Santa tem três constituintes fundamentais: a fé, a família e a comunidade. A Semana Santa será verdadeiramente Semana Maior se for vivida em família e em comunidade, a partir da fé no Amor Esperançoso de Deus, revelado em Jesus Cristo. A fé, expressa nas celebrações do Tríduo Pascal (Instituição da Eucaristia e Lava pés – Quinta-feira Santa; Paixão do Senhor – Sexta-feira Santa; Vigília Pascal – sábado), é acolhida e celebrada na comunidade e tem os seus efeitos na vida familiar.
Participar ativamente na Semana Santa ultrapassa o quotidiano viver e enxerta-nos numa experiência vital de fé que supera toda a superficialidade com que muitas vezes encaramos estes dias. Não se trata de mais uma Semana Santa. Trata-se sim de atualizar em nós os mistérios da paixão, morte e ressurreição de Cristo. E isto não é pequeno! É maior, enorme, impensável e inesperado… Por isso, não se compreende: vive-se!
A Semana Santa é um caminho de Páscoa, portanto, de vida, de ressurreição. A Páscoa é essa experiência que nos envolve no mistério da vida e de Deus. É um mistério habitado pela Esperança. Por isso, a Páscoa vive-se no caminho, no anúncio, no acolhimento da comunidade e das famílias. A Páscoa é acontecimento muito mais que evento. Não é um somatório de atos e circunstâncias ou episódios programados. A Páscoa é movimento, é peregrinação, é luz, é vida, é amor, é gravidez… Deus não veio ao mundo se não para nos oferecer esse caminho, essa vida, essa luz, esse amor… Em Cristo ressuscitado passamos da cruz à luz da vida. Aqui encontramos a nossa Esperança.
A todos desejo uma Semana Santa viva e intensa, celebrando os mistérios de Cristo.
E espero que a Páscoa seja o acontecimento da Esperança que se renova e se reparte por onde quer que estejamos.
Santa e Fecunda Páscoa a todas as famílias famalicenses.
Pe. Francisco Carreira, Arcipreste de Vila Nova de Famalicão