Ivan Zlobin, regressado à titularidade na tarde de sábado passado, nos Açores, depois da grave lesão sofrida a 16 de dezembro em Braga, deu a cara pelo plantel na antevisão ao último jogo do campeonato, mas o que mais ressalva das suas palavras é o sentimento vivido durante o período de recuperação. Recorde-se que na noite daquele dia, na partida disputada com o Braga, Zlobin sofreu uma laceração do rim esquerdo. A gravidade da lesão motivou o seu internamento e um longo afastamento dos treinos. O guarda-redes fala «em dias muito difíceis e agradeço imenso o apoio que senti dos meus companheiros, dos meus amigos – porque tenho aqui muitos amigos. Visitaram-se, mandaram mensagens, em particular o meu amigo Hugo Cunha». Foi, como descreve, uma fase muito difícil e a maior dor «foi não poder pegar nos meus filhos. O meu filho percebeu as minhas dificuldades e para brincar comigo, era ele que levava os brinquedos para o quarto. Tão pouco era capaz de fazer outras coisas básicas em casa, como lavar a loiça. A minha família ajudou-me muito».
A lesão aparece numa fase em que Zlobin era dono e senhor da baliza do Famalicão, depois de vários anos na sombra de Luiz Júnior. «Mesmo quando não jogava, sempre tive a minha família junto de mim e naquele momento, com a lesão, senti toda essa força extraordinária. Senti-me vivo, sempre dentro do processo e aos poucos fui recuperando e, por isso, agradeço a todos os que me apoiaram e ajudaram a recuperar». E quando regressou aos treinos nos relvados «senti-me uma criança, com aquela felicidade pura de voltar a jogar a bola». E também não esquece os adeptos de quem recebeu as mensagens e do apoio sentido quando, na segunda jornada da presente época, assume a titularidade no jogo disputado em casa do Estrela da Amadora. «Estavam comigo. Senti que acreditavam em mim».
Esta época tive a oportunidade de mostrar o meu valor, mas depois chegou aquela lesão
Desde esse jogo, Zlobin foi, muitas vezes, o garante de resultados positivos da equipa. A titularidade ganha com a transferência de Júnior para Espanha foi a oportunidade de mostrar «quem sou. Trabalhei muito. Tivemos várias equipas técnicas, sempre com boas palavras e isso valorizo muito. Esta época tive a oportunidade de mostrar o meu valor, mas depois chegou aquela lesão. Ainda bem que não foi tão grave como chegamos a pensar. Já tive a oportunidade de jogar e espero jogar o último jogo da época», que é esta sexta-feira, a partir das 19 horas, no Estádio Municipal.
O adversário é o Casa Pia e Zlobin antecipa «um jogo aberto entre duas equipas que gostam de jogar futebol». O Famalicão, por seu turno, «fará o seu jogo, à sua maneira, independentemente do adversário».
O guarda-redes diz ser importante fechar a época com uma vitória, «porque este grupo merece e até merecia mais. Trabalhou muito durante a época que foi mais estável e fizemos muito boas exibições. Deixamos a marca do Famalicão. Espero que esta sexta-feira os adeptos encham o estádio com as cores do nosso clube. Não é só estarem lá. É sentir a energia da nossa cidade», pediu.
Antes da lesão, Zlobin, que está no clube desde a época 20/21, assumiu a titularidade depois da saída de Luiz Júnior. Desde agosto e até dezembro, o guarda-redes foi autor de grandes exibições. A grave lesão sofrida em Braga foi a “sorte” de Lazar Carevic que assumiu a titularidade, cumprindo a função, tal como Zlobin, com qualidade.